Maria, Mãe da Igreja e Nossa Mãe



Demorei, mas cá estou eu a rascunhar algumas palavras à Minha e à Nossa Mãe. Digo rascunhar porque, em se tratando Dela, qualquer palavra, por mais bela e eloquente que seja, ainda é muito pouco e nada insigne para retratarmos de Maria. E quanto à demora mencionada no começo, não sei nem o que dizer. Na verdade, não tem explicação. Minha mãe terrena, quando eu era criança, e mesmo jovem já, quando me pedia qualquer coisa que fosse, era pra imediatamente, com ou sem resmungos, mas era, antes de mais nada, um pedido de mãe, e, para além da obediência, era pra ela e por ela que eu estava a fazer o solicitado. E quanto à Maria? O que dizer deste pedido de escrever algo em memória do mês mariano e, só agora, no seu final, eu entregar o redigido? Teria Nossa Mãe ficado pra escanteio? Teria eu pouco me importado com o pedido? Não, Mãe! Eu atesto que não!



Na verdade fiquei muito tempo pensando no que escrever para Senhora, justamente de ser para Senhora! Rodeei, pensei, orei, pensei de novo, e o tempo foi passando... Pra quê tanta preocupação com a escrita, se ela já está inscrita em nossos corações desde quando nos entendemos por gente e entendemos ser a Senhora Nossa Mãe? Perdão, Mãezinha. Tal como escutamos em nossos estudos de filosofia, que procuramos fora de nós a verdade que se encontra dentro de nós, procurei fora do meu coração o que simplesmente era pra ter sido deixado, como de fato agora o está sendo, ecoar esta voz que vem de dentro e que te conhece muito bem, Mãe! Como aquela criança, que ao nascer te reconhece pelo cheiro e pela voz.
                E, assim, o que de mais belo, de mais excelso e sublime escrever sobre a Nossa Mãe? Nada. Como eu disse, palavras são insuficientes! É como tentar narrar o inenarrável. É como tentar explicar aquele amor, o amor de Deus que, para ser em parte explicado, é comparado ao amor de uma mãe pelo seu filho. É como tentar cantar uma nota ainda não superada por nenhum artista da face da Terra...
                Daí eu me vi a pensar sobre os tempos de infância quando, na escola, quando ia se aproximando o dia das mães, as professoras propunham as mais variadas formas de homenagearmos nossas rainhas, e uma das mais frequentes eram as pinturas e os poemas. E, pensando num poema, deixaria mais uma vez a criança que há em mim falar sobre Maria. Deixaria ecoar a voz da pureza, da inocência, do amor simples, mas ao mesmo tempo pleno. Traria para fora a voz daquela criança que, certa vez, quando quase deixou de coroar Nossa Senhora na Igreja por ter faltando a um importante ensaio, quase entrou em colapso e, mesmo assim, foi levado por Maria à pracinha de trás da Igreja no dia do ensaio seguinte a este de sua falta, e ser levado pela própria catequista para o ensaio final da coração e quase morrer de tanta felicidade de ter ficado bem ao lado das crianças que coroaram a Mãezinha, jogando pétalas de rosas na mais formosa de todas as rosas...
                Deixaria este ser puro, marcado pelo amor de Nossa Senhora, tentar exprimir, na sua inocência e pouca experiência de vida, o imaculado sentimento que tem por esta Mãe e chamar à Nossa Senhora exatamente disso: da Rosa mais bela, da flor de maior perfume, do encantador jardim de lírios ou girassóis. Da mamãezinha que quando dorme põe a mão no coração...Ou não, melhor não, porque esta Mãezinha, além de nunca dormir, está sempre com as mãos no coração. Mas sempre com as mãos no nosso coração.
                Mais o quê entraria no meu poema sobre Nossa Senhora? As palavras mais lindas, mais lapidadas, mais alegres e mais cristalinas ainda seriam só para saudar esta Ave, cheia de graça, que tem o Senhor por ti, que és bendita entre todas as mulheres da face da Terra e que tem por bendito o fruto nascido do teu  ventre! Santa, Maria, a Mãe do Senhor, é a que roga por nós, reles mortais e pecadores, ontem, hoje, amanhã e sempre, e na hora que, enfim, a contemplaremos também, face a face! Mas ainda não a descreveriam por completo. Palavras, apenas palavras. Nada suficiente, e nunca serão, para descrever a grandeza de uma Mãe. Para descrever a grandeza da Mãe de todas as mães e de todos nós! Viva Maria a Mãe de Deus e Nossa Mãe!
Sem. Willian Diniz – Arquidiocese do Rio de Janeiro.

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